9 anos…

Faz hoje 9 anos que recebi a noticia, não consigo precisar se era de manhã ou de tarde, lembro-me de a minha prima me ligar a pedir que fosse ao hospital (na altura vivia em Faro), pelo caminho lembro-me de estar em negação, de a minha madrinha me ligar e eu não atender, porque não queria ouvir, queria que o tempo parasse ali, pois à dias que dizias que te sentias mal, que não ias sair dali, e nós dizíamos que disparate que exagero foi uma operação ao pé não há perigo algum…

Quando chego á parte das visitas a minha prima estava à minha espera, e assim que me vê dá-me a noticia, o teu pai faleceu, cai de imediato no chão, tudo à volta desapareceu, gelei.

Ela levantou-me  e disse-me Ana tens que ir ter com a tua mãe, e eu dizia: eu não consigo, eu não consigo aguentar isto, como é que eu vou andar para a frente, não tenho forças para os carregar.

Dirigimo-nos a uma sala onde estava a minha mãe e dois médicos ou enfermeiros, não sei ao certo, e foi ai que realmente percebi o que tinha acontecido, pois o que eu achava ter sido uma morte natural, foi na realidade uma morte por opção, lembro-me de gritar, gritar muito, de dizer NÃO infinitas vezes, de me atirar ao chão e bater com toda a força, foram gritos de dor, de choque, por ter sido daquela forma, não fazia sentido, não era justo.

Lembro-me de olhar para a minha mãe completamente sem alma, e dizer aos médicos eu não consigo eu não vou conseguir aguentar isto.

Lembro-me também de alguém sugerir que eu tomasse alguma coisa para me acalmar e de outro alguém dizer é melhor ela libertar a dor.

Não sei se foi nesse dia, mas também me lembro de uma psicóloga vir falar comigo e dizer que ele tinha muito orgulho em mim, que tinha partilhado isso com ela, ao que eu lhe respondi, ele nunca na vida disse que tinha orgulho de mim.

Como devem imaginar estou lavada em lágrimas enquanto partilho tudo isto, já falei muitas vezes do meu pai por aqui, algumas delas que magoaram e muito a minha mãe, mas todas verdade, foi a minha história, foram as minhas vivências.

Faz hoje 9 anos que a minha vida mudou, durante estes 9 anos lutei com vários fantasmas, foram 9 anos a juntar as peças daquilo que sou, 9 anos a perdoar, a amar, a aceitar, a entender.

Foram 9 anos na corda bamba, fazendo o papel de pai de mãe de irmã, e em alguns intervalos de eu mesma.

Enquanto me lembrava de tudo o que passei naquele dia, a Marisa começou a tocar.

 

Não foi fácil honrar a tua passagem pela minha vida, mas sem dúvida que muito do meu carácter se deve a ti, se havia pessoa humilde, honesta e amigo do seu amigo nesta terra esse alguém eras tu.

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E se fosse contigo…?

Estava aqui deitada a pensar na vida a pensar na situação actual a pensar nas experiências que vivi, a pensar em mim a pensar à volta, e pensei apetece-me escrever.

Hoje entra agosto e esperemos que seja a gosto…quem me acompanha sabe que o julho não foi coisa fácil…não sou de me vitimizar nunca fui, mas confesso que por vezes dá uma peninha aqui da pessoa 🙂

Estava no telemóvel e do nada o mesmo desliga-se e aparece a mensagem LIFE IS GOOD.

Este life is good transportou-me para um outro momento da minha vida, em que eu dizia que um mundo é um lugar feio, curiosamente nesse momento não estava a viver nenhuma crise familiar ou nenhum desafio pessoal (achava eu) chamemos-lhe assim.

Estava sim na Dinamarca numa instituição onde são acolhidos rapazes problemáticos com vista a afastá-los da sociedade de forma a não causarem problemas a eles e aos outros.

Nesse local nunca vi um interesse focado nos rapazes mas sim apenas na necessidade de salvaguardar os outros da sua presença.

Eu que tinha partido daqui disposta a ajudar, achando eu que tinha arcabouço para o fazer, acabei por me perder, por perder a esperança na humanidade, chamem-lhe o que quiserem.

E falo disto porquê, porque neste momento deparo-me com o mesmo cenário, quer dizer o mesmo não, porque este corre-me no sangue este está me entranhado na pele.

As ultimas experiências da minha vida fizeram me olhar para a minha situação de uma forma totalmente diferente, enquanto que antes eu só olhava do lado de fora, da minha perspectiva, agora tento me colocar no papel do outro, na consciência do outro, nos medos, no sofrimento, na falta de pertença, na falta de …

E muitas vezes me questiono e se fosse comigo, gostaria eu que me tratassem assim, gostaria eu de ouvir isto e aquilo, gostaria eu de ser olhada desta e daquela forma, de ser julgada.

Não é fácil este exercício, está longe de o ser, por isso tantas vezes erramos tantas vezes nos arrependemos de ter dito isto e aquilo de ter sentido isto e aquilo, mas caramba somos meros humanos, também nós tentando caminhar neste mundo, repleto de desafios.

Bem agora que cheguei a este ponto não sei o que isto me trouxe…o porquê deste desabafo…talvez seja porque apesar de tudo isto , a vida continua boa, talvez porque desta vez, apesar de continuar a errar, ou não, estou aqui, a cuidar de mim, e a aceitar o outro, bem ou mal, naquilo que ele sabe ser. A dar o meu apoio, a colocar-me na sua pele.

Não sei o que me reserva o futuro não sei o que me reserva o A (gosto), apenas sei que de nada me serve dramatizar de nada me serve temer, o que tiver de ser será, porque cada um é livre de viver a sua vida, de  viver a sua realidade, tenha ela a cor que tiver…e está tudo certo…estaremos aqui para o bom e o menos bom, uns dias com mais cor do que outros, uns dias com mais compreensão do que outros.

Uns dias………………

A pergunta que fica é …e se fosse contigo?

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Resiliência…

No dia do meu aniversário enviaram-me esta imagem, e disseram-me que resiliência era a palavra que escolhiam para mim.

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Bem passados 37 anos de vida enumeras provas de vida superadas, incluindo esta ultima, não poderia estar mais de acordo.

A vida não é o que nos acontece mas sim o que fazemos com aquilo que aprendemos dela.

Durante anos cuidei de mim, durante anos recusei-me a aceitar tudo aquilo que tinha à volta, eu sempre tive bem presente que nasci para ser feliz, e que nada nem ninguém me tiraria esse direito.

Quando voltei a ter o meu irmão desaparecido, e a minha mãe em depressão no mesmo momento, perguntei-me que tenho eu a aprender com isto, o que tenho que mudar desta vez que não tenha feito nas outras vezes.

Foi fácil encontrar a resposta, e a resposta foi ficar, foi dar amor, foi aceitar, foi estar presente, foi não julgar nem me vitimizar.

Sabem eu sou a caçula da família, e sempre quiz saber o que era viver isso, o ter toda a família a paparicar-te a tomar conta de ti, acho que há anos que espero isso, mas talvez só agora tenha caído na real e percebido que nesta vida o meu papel nunca foi esse e nunca será, talvez eu tenha vindo para ser a mãe para ser a irmã mais velha para ser a tia para ser a avó o pai a cuidadora, para ser o COLO.

Quando estamos no avião e nos fazem a demonstração do que fazer em caso de acidente, eles são bem explícitos, antes de colocarem a máscara de oxigénio nas crianças coloquem em vocês primeiro, pois ter um filho com oxigênio e um pai sem, de nada lhe vai adiantar.

E agora que penso nisso apercebo-me que tenho levado estes anos todos a levar oxigénio a encher os meus pulmões de ar, a preencher-me a cuidar-me, a fortalecer-me…

Quero agradecer todo o apoio neste momento, dizem que nas alturas de aflição é que se vê as amizades, e que sortuda que sou….gratidão máxima, vénia, de joelhos, palmas o que quiserem.

De forma a acalmar os corações de todos aqueles que estiveram ao meu lado, informo-vos que o meu irmão está a ser cuidado, e já já estará de volta à sua vida, dando continuidade às ultimas conquistas, a minha lambreta também já apareceu 🙂 (quando eu digo que nunca perco nada na vida é verdade), a Rosita também vai levantar o véu, e eu aqui vou continuar a fazer o que sei de melhor, a viver e a agradecer cada momento seja ele bom ou menos bom, pois tudo vem para nos acrescentar.

 

 

 

 

Quem sou eu…

Ontem colocaram me esta questão?

QUEM SOU EU?!?

Há muito que não escrevo que não partilho, mas sei que este sempre foi um espaço onde me abri, onde a inspiração me guiava, e as mãos ganhavam vida própria.

Como tal decidi vir a este pequeno altar e ver o que fluía.

Bem, quem sou eu, sou tanta coisa, já fiz tanta coisa, já senti tanta coisa, que por vezes me perdi.

Quem me vê de fora considera me uma pessoa de coragem sem medos sem arrependimentos, sem amarras sem apegos, livre, feliz, mas também um pouco egoísta dada a minha individualidade, e minha falta de laços, o meu desprendimento, a minha falta de raízes.

E agora veio uma lagrimita 🙂 , recordo me de tudo o que vivi de onde vim, do que palmilhei do que fugi do que neguei.

Hoje sei e aceito, que tudo o que vivi foi para o meu crescimento, durante anos fugi das minhas raízes, reneguei tudo aquilo que achei não ser meu, não me pertencia, eu era muita luz para aceitar tudo aquilo, eu merecia muito mais.

Essa falta de pertença, fez me ao mundo, fez me solitária no meu reconhecimento, coloquei me muitas vezes em situações de risco ou não (dependo do ponto de vista), uma coisa é certa eu queria experimentar, sentir adrenalina alimentava me a alma, o desconhecido era muito apelativo.

E digo era porque algo mudou, neste momento simplesmente quero estar, neste momento simplesmente quero rodear me das minhas raízes das minhas sementes das minhas verdades das minhas conquistas.

Há tempos em conversa com uma amiga dizia-lhe, mas eu não tenho uma casa minha, não tenho isto não tenho aquilo, ao que ela me respondeu, já olhas te bem para ti para a tua consciência emocional para a capacidade que tens de lidar com tudo o que te aconteceu com tudo o que superaste com a leveza e a paz que vives a vida, tu não precisas de uma casa de tijolo, quando toda tu és uma estrutura inabalável, tu podes ser colocada em qualquer situação, que as tuas vigas não vão ceder, sabes quantas e quantas pessoas têm tudo aquilo que supostamente todos nós devíamos ter e vivem num sofrimento atroz , porque não se conhecem porque não se respeitam porque não sabem lidar com elas próprias, com os seus sentimentos, com a vida.

Isto talvez seja muito vago, mas neste momento eu sou amor, eu sou aceitação, eu sou verdade, eu sou respeito, respeito pelo que vivi, agradecida pelo que cresci, no que me tornei, como dizia a minha patroa, eu tinha todo o direito de me ter desviado, de me ter perdido, que ninguém tinha o direito de me apontar o dedo 🙂 , mas graças a mim, Here im am, mais completa do que nunca, agradecida do fundo do coração por tudo aquilo que me permiti viver, sentir, libertar, honrar.

Esta sou eu, que continue a ser cada vez mais verdade cada vez mais amor, cada vez mais real, mais humana, nem mais nem menos do que ninguém, EU.

Um dia prometo que sai um livro de todas as experiências que me construíram. 🙂

“Tu não tens que ser nada porque tu já és tudo”

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Vens???…

 

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Bem agora que já acabou a loucura do programa da Cristina 🙂 , acho que tenho mais hipóteses de ter algum tempo de antena .

Não é novidade para ninguém, pelo menos para aqueles que me conhecem e acompanham, a minha paixão por viagens, a minha ânsia pelo novo, a minha sede por aventuras.

Faz hoje 4 anos que andava pela Malásia, faz hoje 5 anos e alguns meses que me iniciei no reiki, nas meditações, na descoberta do eu…

Essa minha ânsia por saber o que quero e o que sou, enquanto pessoa, tem me levado um pouco por todo o mundo. E tem sido essa mesma ânsia em mim, que tem despertado o bichinho naqueles que me acompanham e conhecem.

 

Sempre que volto das minhas experiências, as pessoas questionam a minha coragem, e a vontade que também elas têm de embarcar numa experiência deste tipo.

Pois bem apesar do nervosismo miudinho, acho que é desta que sai algo.

Curiosamente ou talvez não, o meu ultimo post de 2018, falava sobre o Caminho de Santiago.

Foi das experiências mais lindas das minha vida, foi uma semana repleta de tudo, de AMOR, de dores, de sorrisos, de orgulho, de conquistas, de muitas lágrimas, de superação, de GRATIDÃO, de companheirismo, de felicidade…e acima de tudo de união.

Diz no livro “que todos se encontram a si próprios no caminho”

Queria com isto propor -vos um desafio, uma viagem conjunta, um crescimento global.

O meu objectivo é partilhar convosco tudo aquilo que tenho aprendido ao longo destes anos.

Não será apenas um caminho será O CAMINHO.

Para que a experiência se realize, será necessário um mínimo de 6 pessoas e um máximo de 10.

Estamos no inicio do ano, não há desculpas, é altura de marcar férias, definir objectivos, está tudo a vosso favor, não vale vir com desculpas disto e daquilo. Ah e principalmente para aqueles que estão sempre a dizer, quando organizares alguma coisa diz, pois eu vou contigo.

Pois bem quem são os corajosos que alinham nesta primeira aventura?

Valença do Minho – Santiago de Compostela 120KM

Datas  4 de Abril a 12 de Abril de 2019

4 de Abril – Partida Faro-Porto viagem de avião 20:30, pernoitamos na cidade invicta.

5 de Abril – Partida Porto – Valença do Minho (autocarro, o nosso caminho começa em                         Valença)

1ª etapa Valença do Minho – Porriño   19 km

6 de Abril –  2ª etapa Porriño – Arcade                       22 km

7 de Abril – 3ª etapa Arcade – Pontevedra                 11 Km

8 de Abril – 4ª etapa Pontevedra – Caldas de Reis    24 km

9 de Abril – 5ª etapa Caldas de Reis- Teo                    33 Km

10 de Abril – 6ª etapa Teo – Santiago de Compostela 13 km

11 de Abril – Estadia em Santiago ver a cidade

12 de Abril – Retorno , viagem de autocarro Santiago de Compostela – Porto,

Viagem de avião Porto – Faro 20:00

Valor 555€ Tudo incluído, passagens de avião, autocarro, metro, dormida, e comida.

111€ transporte, 111€ dormida, 222 comida, 111€ ma person 🙂

Eu sei que é um pouco em cima, mas olha vamos ver como corre, confirmação até 8 de Fevereiro de forma a garantirmos os bilhetes de avião.

O meu objectivo nesta experiência é também provar-vos que não é preciso ser rico para se viajar, mas apenas uma questão de organização 😉

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Vamos?…

Contacto por aqui ou https://www.facebook.com/ana.miguel.370

 

 

 

 

 

Caminha….

Tenho saudades de escrever…

Tenho saudades de sentar-me em frente ao computador e deixar fluir…

Tenho saudades da incerteza…

Tenho saudades de arriscar…

Tenho saudades do desconhecido…

Tenho saudades do agora…

Desde sexta que tenho estado um pouco mais para baixo…já são quase 8 meses sem “aventuras” sem “adrenalina” sem “o novo”.

Engraçadas como são as coisas, quando voltei o que mais me perguntavam era quando voltava a partir, quando seria a próxima aventura…e eu respondia meio que atrapalhada…bem eu desta vez acho que quero parar um pouco, quero estar aqui no conforto, quero…acho que levei 8 meses a dizer isto, mas sabem desde sexta que algo mudou, aquela vontade de partir voltou, a vontade do novo despoletou, a vontade…sempre a mesma vontade.

Desde sexta que anseio por algo, por algo que me inspire, por algo que me desperte por algo que me traga de volta o meu “equilíbrio” a minha PAZ, e eis que me surge um livro “O RENASCER”, que relata a história de um Americano, descendente de pais INdianos, que parte para a Índia após a morte do seu pai, com o único intuito de depositar as cinzas do progenitor no rio ganges, apenas para obedecer à tradição, mas que pelas reviravoltas da vida acaba por partir para Espanha para percorrer  o tão conhecido caminho de Santiago, porque um Italiano na INdia lhe falou disso…

Ainda vou no inicio do livro…mas tive vontade de partilhar  já.

À uns anos atrás, quando via os camones a andar por ai de mochila às costas…sempre me questionava, mas porque não apanha este gente um autocarro, andar por ai com este calor e todos carregados, não fazia qualquer sentido para mim.

Pois bem como se costuma dizer pela boca morre o peixe, quem me diria a mim, que dai a uns anos, seria também eu uma tal de “camone” de mochila às costas, palmilhando kilómetros que não acabam mais 😛

Que eu me lembre acho que nunca partilhei aqui os meus caminhos de Santiago…já o percorri duas vezes, o primeiro acompanhada e o segundo “sozinha”.

Ambos foram mágicos, ambos foram essenciais, ambos foram acrescentos áquilo que sou hoje.

Confesso que no primeiro estava um pouco reticente…pois seria um caminho percorrido por 7 mulheres, eu incluinda, que inicialmente eram mais, depois eram menos, e no dia acabámos por ser o tal número da perfeição  7.

Foi das experiências mais lindas das minha vida, foi uma semana repleta de tudo, de AMOR, de dores, de sorrisos, de orgulho, de conquistas, de muitas lágrimas, de superação, de GRATIDÃO, de companheirismo, de felicidade…e acima de tudo de união.

O caminho não se explica o caminho vivesse. AS minhas  7M, sabem do que lhes falo.

Diz no livro “que todos se encontram a si próprios no caminho”

Muitas vezes se diz que apenas conhecemos os verdadeiros amigos nas piores alturas…pois bem eu creio sem dúvida que este tipo de peregrinação, ou este tipo de condicionantes nos revelam sem duvida do que somos feitos.

Imaginem, 1 semana, 2, 3 ou mesmo  1 mês a caminhar, com o essencial nas vossas costas, um e outro dia, partilhando camaratas, privacidade zero, conforto sometimes, despertando todas as manhãs prontos para enfrentar a estrada, para enfrentar o calor, para enfrentar o frio, para enfrentar a chuva, as dores nos pés, na coluna, nos joelhos, na alma…um e outro dia despois de algumas noites sem durmir, devido a alguns roncos, devido a algumas insónias, devido a algum desconforto…isto dito assim parece a visão do inferno :P, desenganem-se, isto são apenas todas aquelas condicionantes que faram despertar em ti, o teu lado mais negro, o teu lado mais sombrio, aquele que diáriamente bem ou mal consegues controlar, mostrando-o apenas aqueles que te são mais próximos, todos sabemos como é não é 🙂

Tudo isto para vos dizer o quÊ? , que independentemente de todas estas condicionantes o caminho se torna algo único, algo mágico…a união acontece, ajudamo-nos uns aos outros, vira-mos família, viramos, mãe, pai, filho, neto, amiga, sobrinha, amiga…confidentes, tornaste AMOR

No caminho muitas das vezes encontramo-nos desanimados, sem forças, com um aspecto não tão luminoso, como aquele que temos no nosso dia a dia, no caminho não há ricos nem pobres, ambos temos apenas o peso que conseguimos suportar em nossas costas, não há grandes casas, nem grandes carrões, não há lantejoulas, nem fatos e gravata, estamos em pé de igualdade, simples humanos, despidos de tudo…somos um grupo de pessoas, um rasgo da humanidade, que por uma razão ou outra, ou muitas vezes sem razão aparente decidiu fazer se ao caminho.

Tenho histórias fantásticas, histórias que ainda hoje me fazem saltar uma gargalhada, me fazem recordar o quão humanos, unidos, companheiros, conseguimos ser…muito se fala na perda da esperança na humanidade. Se tiverem desacreditados, se para vocês o mundo é um lugar feio, sem qualquer luz ao fundo do túnel, desafio-vos a considerarem uma experiência destas…pelo tempo que for da forma que for…mas com uma condição…terão que colocar tudo o que precisam num mochila que consigam ser vocês a carregar…ai terão a noção do quão supérfluas  são a maior parte das coisas que vos rodeiam.

Bem tinha muitas saudades de escrever…acho que já deu para matar um pouco as saudades…

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Descomplica…

Um dia vais acordar e perceber que não tens de saber o que queres ser aos 18.

Vais perceber que o mundo não acaba porque aos 30 não tens uma família <construída>, uma casa , um carro e um cão.

Vais perceber que essa <coisa> do emprego para a vida é do-antigamente e que fazer o que realmente te faz feliz (mesmo que ganhes muito menos) é mais importante do que ser profundamente infeliz com um contrato e um horário das 9 às 18 horas.

Um dia vais acordar e perceber que aos 40 podes mudar de vida. Podes encontrar o amor da tua vida. Podes ter filhos, casa, carro e cão. Ou podes não ter nada disso e ser absolutamente feliz com as tuas escolhas.

Aos 50 podes acordar e perceber que queres (e vais) dar a volta ao mundo. Que podes, porque ninguém manda no teu coração, voltar a apaixonar-te perdidamente. Que queres ir estudar. Que queres viver no campo, ou na India, ou em lado nenhum, e que o que te faz feliz é viver numa pão-de-forma e conhecer como a palma da tua mão o teu país (e o teu mundo).

Um dia vais acordar e perceber que podes escolher todos os dias para onde vais, quem queres levar contigo, quem deixas para trás, como calas os teus medos, onde encontras respostas para as tuas dúvidas, em que ponto deixas de te importar com a opinião dos outros.

Um dia vais acordar e perceber (e agradecer) que a vida muda todos os dias. Que tu, como a vida, estás sempre a tempo de mudar o que queres, de mudar o que não queres, de deixar para trás o que te faz mal, de dizer basta ao que te aperta o coração, de pôr um ponto final no que não te deixa livre, de fechar a porta ao que te prende ao chão, de dizer adeus ao que te faz perder tempo.

Um dia vais acordar e preceber que a resposta que procuras está no <vou ali ser feliz e não sei se volto> que não dizes.

in (Descomplica, Sofia Castro Fernandes)

 

Não é sobre ter todas as pessoas do mundo pra si
É sobre saber que em algum lugar alguém zela por ti
É sobre cantar e poder escutar mais do que a própria voz
É sobre dançar na chuva de vida que cai sobre nós

É saber se sentir infinito
Num universo tão vasto e bonito, é saber sonhar
Então fazer valer a pena
Cada verso daquele poema sobre acreditar

Não é sobre chegar
No topo do mundo e saber que venceu
É sobre escalar e sentir que o caminho te fortaleceu
É sobre ser abrigo
E também ter morada em outros corações
E assim ter amigos contigo em todas as situações

A gente não pode ter tudo
Qual seria a graça do mundo se fosse assim?
Por isso eu prefiro sorrisos
E os presentes que a vida trouxe pra perto de mim

Não é sobre tudo que o seu dinheiro é capaz de comprar
E sim sobre cada momento, sorriso a se compartilhar
Também não é sobre
Correr contra o tempo pra ter sempre mais
Porque quando menos se espera a vida já ficou pra trás

Segura teu filho no colo
Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui
Que a vida é trem-bala parceiro
E a gente é só passageiro prestes a partir

Laiá, laiá, laiá, laiá, laiá
Laiá, laiá, laiá, laiá, laiá

Segura teu filho no colo
Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui
Que a vida é trem-bala parceiro
E a gente é só passageiro prestes a partir

 

p.s. tenho estado muito caladinha ultimamente, mas sinto que algo vai mudar, por agora fica por aqui um descomplicómetro ❤ espero que se contagiem tanto como eu 34064699_10212570178070573_8857629101716930560_n

Educate people…

Quando embarquei para o Malawi, pensei que todos os dias viria aqui escrever, partilhar e inspirar…contar-vos o quão maravilhada estava com tudo, o quanto toda aquela experiência me estava a fazer crescer…

Mas o certo é que acabei por escrever um ou 2 post’s, não que não tivesse nada para dizer, mas além de a internet ser muito escassa, na realidade, tive que na maioria das vezes lutar contra uma organização opressora, que em vez de nos ajudar a expandir, forçava-nos a regredir.

Mas não é para isso que aqui vim…

Não é novidade para ninguém que já há uns aninhos que vemos vivendo tempos difíceis, e não estou a referir-me a crises económicas mas sim a crises humanitárias.

Acabei neste momento de ler um post feito por um amigo de Marrocos que fiz no Malawi, que diz o seguinte:

Se você está planeando por um ano, então prepare arroz.
Se você está planeando para 20 anos, então, plante árvores.
Se você está planeando para 200 anos, então, eduque os povos.

Chocam-nos as imagens que vemos vindas da Syria, chocam-nos as imagens que nos chegam dos refugiados, chocam-nos os tiroteios que nos chegam dos EUA,  chocam-nos  o lixo nos oceanos,  a falta de água, os incêndios, chocam-nos as coisas que vemos no nosso Pais.

Eu sei que muitos de vocês têm interesse em saber como foi a minha experiência, o que fiz lá, como é a cultura deles, a comida, as condições.

A afirmação que sempre me fazem é :

“Ah eles têm tão pouco mas são tão felizes”

Ao que eu respondo, o que nos difere deles, é que eles vivem de forma simples, eles têm o essencial para viver, enquanto que a preocupação deles é carregar a água, colher a lenha, e colher a comida (que aliás de fácil não tem nada), nós por nosso lado andamos numa correria gigante, para termos a comida, a Internet, a casa, a água, a luz, a roupa da moda, o ginásio, o cinema, o concerto, a viagem, o carro, a tecnologia de ponta etc etc etc , nós não pagamos as coisas com o dinheiro que ganhamos mas sim com o nosso tempo.

Nós na maioria dos casos, acordamos para passar o dia num trabalho que odiamos que nos ocupa 8, 9, 10 horas, que nos obrigada a deixar os nossos filhos ao cuidado de outros,  para termos tudo aquilo que acreditamos ser o necessário para alcançarmos a tal felicidade. Deixando para trás sonhos que cremos ser impossíveis de realizar, porque fomos absorvidos por uma sociedade consumista, onde todos os buracos e ausências existências são preenchidas com coisas… :/

Enquanto que lá quando chega a noite e não têm luz, ocupam o tempo cantando todos juntos, nós aqui terminamos o dia em frente de ecrãs, cada um para seu lado. E depois estranhamos os tempos que vivemos, nós não nos relacionamos uns com os outros, nós relacionamo-nos com a tecnologia, e chocam-se de ver o que vêm no mundo?!?!?!

Aprendi muita coisa no Malawi, aprendi que quando nos juntamos somos muito mais fortes (isto não é novidade para ninguém, mas muitos de nós continuamos a não acreditar nesse real valor), aprendi tanto sobre amor e companheirismo, amor sem fronteiras, amor sem cor, amor sem valor, aprendi a dar valor à comida, a respeitar a comida, a comprar apenas o necessário, aprendi o valor da água.

  A água vai faltar até que todos lhe prestem reverência… Até que se torne tão sagrada aos olhos de todos quanto é mágica aos olhos de Deus Deusa…🌦 LYS

 

Temos a sorte de abrir a torneira e dela cair água, mas não somos agradecidos por isso, porque damo-nos ao luxo de comprar água engarrafada, porque não gostamos do sabor da que nos sai da torneira, e esqueçemo-nos que o simples facto de comprar água engarrafada, é um impulsionador da crise ambiental que vivemos actualmente, e da falta de gratidão.

A água que tu compras engarrafada, foi retirada de uma fonte natural, que por tua culpa chegará um tempo que escasseará,

A água que tu compras aumenta a produção de plástico, que contribui ao aumento de lixo nos oceanos.

A àgua que tu compras para chegar até ti, precisou de transporte, que por sua vez aumentou os níveis de poluição no planeta.

O mesmo que acontece com a água acontece com tantas outras coisas, que devido ao nosso excesso de consumismo, à nossa falta de consciencialização ( que é aqui onde entra a educação) têm levado o planeta e a humanidade, a estas disparidades tão grandes.

Precisamos todos de ser reeducados, não está na mão deste ou daquele está na tua, basta de colocar a culpa nos outros, basta de achar-se que se eu for o único a mudar não vou fazer nenhum impacto…não sei se te deste conta, mas foi graças a todos acharem que não tinham nenhum impacto nas suas atitudes isoladas, que chegamos ao momento presente.

Eu não sou mais nem menos que ninguém, também faço muita coisa que não está correcta que impulsiona muitas das coisas que estão mal na actualidade, mas todas as experiências que tenho vivido nos últimos anos, têm me ajudado a fazer pequenas alterações, que poderão não fazer um grande impacto no planeta a olho visto, mas sem dúvida já o fez e muito na minha vida.

Com isto peço que tudo o que compres, o faças em consciência, que eduques os teus filhos e os que te rodeiem a importância de tratar e agradecer tudo aquilo que te chega e vos chega às mãos, que não é preciso ter tanta coisa para se ser feliz, que sim vale a pena mudar a tua vida para seguir aquilo que te faz palpitar o coração…mas claro tudo isto é um processo, não é de um dia para o outro que vais transformar tudo na tua vida…mas pouco a pouco ganha consciência, faz pequenas mudanças, que um dia se tornaram gigantes, e vais te dar conta que tudo valeu a pena.

Mais amor por favor mais consciência…o mundo já não é apenas o meu ou o teu pais, o mundo somos todos nós, pretos, brancos, amarelos, critãos, budistas, muçulmanos, em guerra, sem guerra, livres, prisioneiros, acreditem há mais coisas que nos unem do que aquelas que nos separam <3.

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Mãe…

Não tem sido uma viagem fácil para nenhuma das duas…

Não tem sido fácil ser minha mãe assim como não tem sido fácil ser tua filha…

Eu sei que não sou aquilo que sonhaste, eu sei que é difícil para ti aceitar que eu seja diferente, aceitar que eu não quero o mesmo que a maioria dos outros quer, acredita para mim também não é fácil, pois este caminho que escolhi vem repleto de desafios de incertezas de  riscos e de muitas mais  saudades…

Sabes durante muito tempo também não foi fácil aceitar-te, não propriamente a ti mas à tua doença, pois eu nunca tinha sentido na pele aquilo que tu tantas vezes me descrevias, esse vazio, esse desespero, essa dor, esse combate…

O final de ano de 2016 e inicio de 2017 foram muito duros, pela primeira vez desde que me conheço por gente,  senti tudo aquilo que tu à anos levas combatendo, e só ai compreendi o quão injusta fui, o quão insensível me apresentei. Pela primeira vez senti um pouco de tudo aquilo que sentiste e o meu primeiro desejo foi o de desistir (logo eu que tantas vezes te critiquei, ai compreendi, o quão forte na realidade tens sido), enquanto tu apesar de tudo continuas ai de pé, entre subidas e descidas, entre alegrias e tristezas, uma verdadeira guerreira um verdadeiro exemplo de superação.

Desculpa por não te ter apoiado mais, desculpa por não te ter compreendido.

Mas como se costuma dizer enquanto há vida há esperança, e se o passado não foi bem aquilo que sonhámos, nunca será tarde para um novo recomeço.

Um recomeço, onde ambas nos respeitamos, um recomeço onde ambas nos apoiamos, e acima de tudo um recomeço onde ambas nos aceitamos.

Ontem foi dia de Reis e parece que hoje é dia da Rainha, muitos parabéns D. Rosa senhora minha mãe, desejo que a vida te dê tréguas, desejo que consigas de uma vez por todas ver o quão afortunados somos, desejos que sejamos mais verdade, que sejamos mais amor, que sejamos mais companheiras <3.

Feliz dia rainha minha, daqui envio-te um abraçinho bem apertadinho repleto de amor ❤

 

Uma mulher no topo do mundo…

À relativamente 3 anos atrás, após uma leitura da aura, o Francisco, aconselhou-me a leitura do livro intitulado “Uma Mulher no topo do mundo”, por ter visto em mim  muita da energia dessa mulher.

E Ana Miguel como bem mandada que é, comprou o livro e devorou-o.

Se é um bom livro em termos de leitura… confesso que não…talvez a escolha da editora ou de quem a auxiliou na escrita não tenha sido a melhor, o que é uma pena ,  porque a história é impressionante 🙂 .

Pois bem resumindo, trata-se da história da primeira  mulher Portuguesa que subiu ao Everest com o único intuito de conseguir apoios para o seu projecto de desenvolvimento  nas favelas do Bangladesh.

Sim my friends, esta mulher, abandonada pela mãe ainda bébé, aos cuidados de uma família numerosa de raça africana (de coração gigante), que cresceu sem a mãe biológica, longe dos seus irmãos de sangue, que partiu em busca de uma vida melhor em Londres, que acabou por conseguir trabalho como hospedeira de bordo na Emirates Airline…um dia numa visita a uma favela no Bangladesh decidiu deixar tudo para trás e dedicar-se aquelas crianças.

Trago esta história hoje porquÊ?… para vos dizer que por vezes as coisas não correm como nós queremos, que por vezes há que dar passos atrás para voltar  a começar do zero.

Esta mulher depois de todos os esforços para criar a sua própria organização, um dia teve que a deixar, e começar tudo de novo, pois a corrupção havia tomado conta de tudo o que ela tinha construído, e já não havia como tomar rédeas da mesma. Quem vê caras não vê corações, e claro o dinheiro muitas das vezes fala mais alto, e muitos dos seus trabalhadores, assumiram o cargo de se auto-desenvolver, ao invés de desenvolver outros… passou lá, passou aqui e passará em muitos outros sítios, como todos nós sabemos…aquele pedaço de papel, ainda continua e continuará a ditar muitas das escolhas e muitas das vidas.

Não é novo para os meus amigos, que desde que embarquei nesta aventura à mais de um ano atrás, que as coisas não têm sido fáceis, que vi e passei por coisas que desejava nunca ter visto ou passado, descobri uma realidade muito longe daquilo que eu idealizei. Mas fui ficando, e focando-me naquilo que eu poderia fazer…não é porque uma andorinha morre que acaba a primavera…

Quando li este livro, lembro-me de ficar algo muito presente, (além de outras tantas coisas) que para ajudar-mos as crianças…temos antes que ajudar as suas famílias, e foi isso que ela fez, facultando-lhes até mesmo a sua casa no Dubai, e outras tantas coisas.

Se os pais não têm condições e não têm o que comer, para eles nunca será uma prioridade enviar estas crianças para a escola, porque essas mesmas crianças, também ajudam no orçamento familiar, também plantam, também colhem, também carregam.

Agora que passaram quase 3 meses não tenho a menor dúvida que o meu projecto deveria ter sido focado na ajuda das famílias, só então depois poderíamos partir para as pre-escolas.

Bem, isto só para vos dizer que não, não se preocupem não estou pensando subir ao Everest ou coisa que se pareça 😀 ou criar a minha própria organização (penso eu), estou apenas partilhando um pouco mais desta minha vida inexperiente de voluntária 🙂

Independentemente de todos os obstáculos e alguns dissabores o coração vai-se alimentando, rodeando-se do que de bom há por aqui ❤

 

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